Trata-sede um Acervo particular constituído por centenas de peças em cerâmica, ornamentos corporais, cestarias, armas, bancos e instrumentos musicais de cerca de 60 etnias, das 305 existentes no Brasil, além de peças do Peru, Equador, Costa Rica, Colômbia, Nicarágua e Venezuela.
Considerando o volume de peças em acervo, construiu-se um espaço próprio, no quintal de casa, em forma de Maloca, para expor recortes do acervo, agrupados por etnias ou temas (ex: cestarias, cerâmica, ornamentos).
A cada três meses, uma nova expografia é organizada na “maloca” com peças de algumas dessas etnias e culturas.
O Espaço Hartãt - Acervo Indígena tem potencial de se tornar uma referência regional, sendo que no local ocorrem também outras atividades correlacionadas, como seções de cinema indígena (Cine Hartãt), reuniões de clube de leitura, exposições artísticas, seções de Sound Healing (terapia sonora com instrumentos ancestrais), entre outras atividades.
Visitas no Espaço Hartãt Acervo Indígena podem ser agendadas com o Ceramista Carlo Cury por meio do Tel *(12) 98195-0786, para no máximo sete pessoas por vez.
HISTÓRICO
Resolvendo dedicar-se à cerâmica, Carlo Cury construiu um forno a lenha, com projeto fornecido pela ceramista Isabel Galvanesi de São Sebastião.
Em conversa com ceramistas de Caraguatatuba, foi formado um grupo denominado Ubuntu Caraguatatuba - Ceramistas, para trabalhar projetos em conjunto. Ubuntu em língua africana Bantu, que significa “Eu sou porque nós somos”.
Foi criado então o projeto origens Nativos para estudar os diferentes fazeres de cerâmica dos povos Originários, dos Negros e dos Caiçaras.
Na etapa da cerâmica indígena, foram realizadas visitas a sítios arqueológicos e museus especializados. Também em viagens de férias, passamos a procurar por cerâmica indígena, inclusive cópias de peças arqueológicas de culturas extintas no Brasil e em países da América Latina.
No começo de 2015 ocorreram os Jogos Indígenas Regionais em Bertioga, Litoral do Estado de São Paulo. Lá adquirimos peças cerâmica e de adornos. E ainda em 2015 ocorreram os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, idealizado e organizado por Carlos Terena. Foi o primeiro evento mundial dessa natureza, reunindo etnias do Brasil, das Américas, da África, da Asia, Oceania e até da Europa. Nosso acervo foi ricamente incrementado com peças de etnias nacionais adquiridas durante esse evento realizado em Palmas, capital do Tocantins.
A coleção de peças indígenas, que já não se resumia apenas à cerâmica, ganhava um aspecto de acervo e foi necessário desenvolver móveis específicos para guardá-la, de forma que pudesse também ser mostrada aos amigos, ceramistas e visitantes do Ateliê de Cerâmica Carlo Cury.
O espaço começou a receber então visita de alunos de escolas particulares e públicas de Caraguatatuba.
Em 2018, o Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba realizou uma exposição com peças do nosso acervo, sendo dividida em peças arqueológicas, peças produzidas atualmente por etnias brasileiras e uma seção para peças internacionais (Costa Rica e Peru). Entendemos que o Acervo só tem sentido se estiver acessível. Nesta exposição foram também apresentadas obras do fotógrafo Renato Soares.
Em 2018 recebemos sessenta e dois professores alfabetizadores da rede pública de ensino de Caraguatatuba. A partir da explanação sobre as peças do acervo, tiveram vivência prática na arte cerâmica, produzindo peças em cerâmica para confecção de colares, com os grafismos estudados.
Como contrapartida da Lei Aldir Blank, foram organizadas visitas guiadas ao acervo, passando nossa residência a ser um Ponto de visita em Caraguatatuba. Desde então, temos recebido pequenos grupos com explanação das peças pelo artista Carlo Cury.
Considerando o volume de peças em acervo, construiu-se um espaço próprio, no quintal de casa, em forma de Maloca, para expor recortes do acervo, agrupados por etnias ou temas (ex: cestarias, cerâmica, ornamentos).
Como forma de homenagear as nações indígenas, o acervo recebeu o nome de Hartãt (pronuncia-se Rartân) – Acervo Indígena.
Hartãnt é um guerreiro mítico Krahô que recebeu a machadinha Kàjeré em formato de meia Lua. Essa machadinha, que é a vida e alma do povo Krahô, estava desaparecida e em 1985 houve notícia que ela estava no Museu da Universidade de São Paulo. Guerreiros Krahô se dirigiram então ao Museu para resgatá-la e após muita negociação, a machadinha voltou para a posse do povo Krahô em 11 de junho de 1986, estando guardada na Aldeia Pedra Branca, no Tocantins.
Assim, a coleção formada tem sido utilizada para fomentar o turismo cultural, como fonte de informação para pesquisas e como base para a produção artística inspirada em pesquisa.
Por Carlo Cury e Claudio Luiz Dias